O Ministério da Justiça anunciou nesta segunda-feira que
investirá R$ 60 milhões na criação de um comando policial unificado em São
Paulo para fazer frente à onda de violência que em pouco mais de um mês deixou
cerca de 250 mortos.
"Nesta
segunda-feira começamos a ter as primeiras ações, que terão um ritmo acelerado
e serão permanentes", declarou o ministro da Justiça, José Eduardo
Cardozo, após reunir-se hoje com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
Cardozo
indicou que o novo comando policial unificado integrará as polícias Civil e
Militar de São Paulo, os órgãos de inteligência do Governo Federal e regional e
o sistema de Justiça para o desenvolvimento de ações conjuntas e controle da
segurança pública.
"É
uma luta permanente e é necessário atuar o mais rápido possível para tentar
atacar as organizações criminosas", disse o ministro.
Para
Cardozo, "os resultados já são positivos" e espera-se que na próxima
segunda-feira possam começar as primeiras "ações integradas", como a
"contenção nos pontos de entrada de drogas, armas e contrabando".
O
acordo de cooperação, proposto na semana passada na primeira reunião entre
Alckmin e Cardozo, foi assinado hoje e estará vigente até o dia 31 de dezembro
de 2014. Segundo o governador, "estará em pleno funcionamento antes da
Copa do Mundo de 2014".
A
onda de violência que atinge São Paulo começou no último dia 8 de outubro com
assassinatos seletivos de policiais supostamente a mando da principal
organização criminosa da cidade.
Segundo
as autoridades, durante o último final de semana foram registrados pelo menos
61 ataques com armas de fogo em diferentes pontos da área metropolitana da
cidade.
Nos
atentados perpetrados entre a noite de sexta-feira e a madrugada de hoje pelo
menos 31 pessoas morreram e três ônibus foram incendiados.
Para
as autoridades, na explosão de violência também estão envolvidas milícias
formadas por policiais que travam uma guerra paralela contra o crime
organizado.
Muitas
das vítimas são cidadãos alheios ao enfrentamento entre a polícia e os
criminosos que foram baleados por desconhecidos em bairros da periferia.
A
situação suscitou um clima de tensão que levou milhares de pessoas a deixar de
frequentar bares e restaurantes durante as noites enquanto outras evitam usar o
transporte público por medo de serem vítimas de um atentado.
"Temos
medo de tudo, de pegar o ônibus porque não sabemos se vão atacar o transporte
público ou se vão atirar em você chegando em casa", afirmou à Agência Efe
a auxiliar contábil Solange Rocha, que diariamente demora duas horas para
chegar de sua casa ao trabalho.
Para
enfrentar a onda de violência, a polícia iniciou há 15 dias a chamada
"Operação Saturação" na comunidade de Paraisópolis e em outros
bairros menores nos quais foram detidos no fim de semana passado 76 suspeitos
de participar das ações criminosas dos últimos dias.
De
janeiro a setembro, segundo dados oficiais, foram registrados na região
metropolitana de São Paulo 982 homicídios, número que representa um aumento de
22% em relação ao mesmo período do ano passado.
Somente
neste ano foram assassinados 91 policiais militares, dois agentes civis e três
guardas penitenciários, a maioria quando estava fora de serviço.
O
mais recente ataque contra membros dos organismos de segurança ocorreu hoje
quando dois policiais, fora de seu horário de trabalho, saíam de um banco e
foram baleados por desconhecidos que assassinaram um dos agentes. EFE
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