Parada Gay em Copacabana reúne 1 milhão de pessoas: 'ato político'

Embalada por 15 trios elétricos, uma multidão coloriu, na tarde deste domingo, a orla de Copacabana com as cores do arco-íris para celebrar a 17ª Parada do Orgulho LGBT. Com o lema ‘Coração não tem preconceitos. Tem amor’, um milhão de pessoas, entre gays, lésbicas, bissexuais, travestis, transexuais e simpatizantes da causa, desfilaram pela Avenida Atlântica, do Posto 6 à Praça do Lido, para exigir igualdade de direitos e o fim do preconceito contra os casais homossexuais.
Bandeira colorida da Parada Gay rasgou durante o evento, mas não desanimou a multidão que tomou conta da Avenida Atlântica | Foto: EFE
Bandeira colorida da Parada Gay rasgou durante o evento, mas não desanimou a multidão que tomou conta da Avenida Atlântica | Foto: EFE
"A maior parte do ano a população LGBT vive dentro do armário, escondida, alijada de muitos direitos", disse o presidente da ONG, Julio Moreira. "Esse é o momento de falar, sim, existimos. Mesmo dançando, em festa, esse é um ato político", reforçou.
Cantando o Hino Nacional, a travesti Jane Di Castro abriu oficialmente o evento, comandado pelo Grupo Arco-Íris e Instituto Arco-Íris, com o apoio da Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos. O presidente do Grupo Arco-Íris, Júlio Moreira, promoveu um beijaço. “Vamos brincar e dar beijo na boca. Mas não vamos nos esquecer que coração não tem preconceito”, disse ele, lembrando os 266 homossexuais assassinados só no ano passado em todo o país.
Mães de homossexuais vieram na frente do desfile. “Tenho um filho que é gay. Aprendi a respeitar o outro”, disse a vendedora Verônica dos Reis Campos, 36 anos, moradora de Jacarepaguá, Zona Oeste. As fantasias divertiram os banhistas. Teve de tudo: Zé Carioca, Carmem Miranda, Hebe Camargo, Rainha do Silicone e até quem preferiu vir só com o corpo pintado. 
Foto: Estefan Radovicz / Agência O Dia
Foto: Estefan Radovicz / Agência O Dia
Mascarados ou de cara limpa, participantes carregaram a bandeira gigante do movimento gay que não resistiu e rasgou no desfile. A festa foi até as 21h, mas durante todo o dia, 100 mil pessoas foram atendidas em 11 tendas na orla, para obter serviços, como retirar Carteira de Trabalho ou tomar vacina contra hepatite B.
Desfile com choque de ordem
A praia mais famosa do mundo foi palco para anônimos e ativistas chamarem a atenção para a causa gay. Mulheres do grupo Femen Brazil pintaram os seios de verde e amarelo para protestar contra a homofobia. Fantasiados de Carmem Miranda e Zé Carioca, Kátya Furacão e Jourbert Moreno também defenderam a união civil entre homossexuais.
17ª Parada do Orgulho Gay realizada na orla de Copacabana | Foto: Estefan Radovicz / Agência O Dia
17ª Parada do Orgulho Gay realizada na orla de Copacabana | Foto: Estefan Radovicz / Agência O Dia
Durante o evento, foram distribuídas cerca de 300 mil camisinhas e recolhidas 2 mil assinaturas para o Estatuto da Diversidade Sexual. Quem tentou faturar com a festa e não tinha autorização da prefeitura ficou no prejuízo. Agentes da Secretaria Especial da Ordem Pública (Seop), com apoio da Guarda Municipal, recolheram 1.976 bebidas, multaram 461 veículos e rebocaram outros 44 por estacionamento irregular.
“Mostramos que é possível fazer mobilizações sem comprometer o ordenamento do espaço público”, disse o secretário de Ordem Pública, Alex Costa, sem, no entanto, conter a enorme quantidade de lixo que tomou conta da pista logo após o desfile. Cerca de 100 garis seguiam a multidão limpando a sujeira deixada para trás.

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