O crime aconteceu em Campo Limpo, na Zona Sul de São Paulo, no sábado
(10). Parte da ação da PM foi filmada por um morador da região. Os cinco
policiais suspeitos estão presos administrativamente desde domingo (11)
no prédio da Corregedoria da PM.
Ao registrar a ocorrência, os policiais alegaram que o homem havia
trocado tiros com uma equipe da PM e que o corpo do servente foi
encontrado em uma viela. Mas um cinegrafista amador registrou os
policiais detendo o servente numa casa e o levando para o carro da
corporação. Neste momento, o vídeo registra o barulho de um disparo.
Em entrevista nesta terça-feira (13) ao Bom Dia Brasil, Carrasco disse
que os fatos contradizem a versão dos policiais. “Nós temos um
inquérito aqui que se iniciou como uma resistência [à prisão seguida de
morte], e, posteriormente, dadas as provas já colhidas nos autos,
depreendeu-se que se trata um homicídio doloso [quando há intenção de
matar] contra a vida. Ou seja: homicídio", disse Carrasco.
"Os autores são essa guarnição que participou, que todos os senhores
tomaram conhecimento daquela imagem. Eles foram ouvidos, um foi ouvido
ontem [na segunda-feira] no DHPP, já nos declinou como a história
aconteceu. Hoje [terça-feira] devemos ouvir os outros componentes
daquela guarnição e, posteriormente, será pedida a prisão preventiva de
todos”, disse o diretor do DHPP.
Pedido de prisão
Segundo Carrasco, será pedida a
prisão preventiva dos suspeitos. “Porque as provas que estão nos autos
já são inconteste de que houve um crime doloso contra a vida,
homicídio”, argumentou o delegado Jorge Carrasco. “Todos os casos de
resistência são investigados pelo DHPP e já tivemos casos em que houve
uma simulação de resistência e os seus autores foram penalizados perante
a Justiça”, comentou.
Os cinco PMs envolvidos na ação que resultou na morte de Paulo
Nascimento são: o tenente Halstons Kay Yin Chen e os soldados Francisco
Anderson Henrique, Marcelo de Oliveira Silva, Jailson Pimentel de
Almeida e Diógenes Marcelino de Melo. A Corregedoria da PM também deverá
pedir à Justiça Militar a prisão temporária dos suspeitos.
O que diz a defesa
O
advogado José Miguel da Silva Júnior, que defende o tenente Halstons
Chen, afirmou nesta segunda-feira (12) que o servente já estava ferido
quando seu cliente chegou ao local. Em seguida, segundo o defensor do
oficial, o detido tentou retirar a arma de seu cliente durante a revista
no caminho até o hospital e houve um disparo.
Para a defesa, a imagem não é clara quanto ao disparo. “Esse disparo,
que ainda se carece de uma pericia, carece de uma análise mais profunda
para ver o que realmente aconteceu, porque a imagem não é clara. (...)
Ele pode simplesmente ter entrado em luta corporal. Não tive acesso
ainda ao depoimento dos outros policiais, mas pode ter havido uma luta
corporal e ter sido um disparo acidental. Então eu entendo que é
prematuro ainda se acusar qualquer pessoa. Principalmente um oficial de
policia que está colaborando com as investigações”, disse o advogado
José da Silva Júnior.
A reportagem não conseguiu localizar os outros advogados dos demais
policiais militares detidos. Quatro PMs ainda deverão prestar depoimento
nesta semana no DHPP.
Governo lamenta morte
Em
nota, a Polícia Militar informou, após a divulgação das imagens do
caso, que o comandante geral "considera lamentável a ocorrência, que não
reflete a conduta da maioria dos policiais de São Paulo" e que "estes
PMs serão processados, devendo ser demitidos e expulsos da corporação."
"Não há nenhuma tolerância agora nós temos 130 mil policiais então é
preciso sempre verificar que são ações excepcionais para isso a polícia
tem a maior corregedoria do país e nós ainda determinamos que todo caso
de confronto seguido de morte seja acompanhado pelo DHPP, que é o
Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa", disse o governador
Geraldo Alckmin (PSDB) após a divulgação do caso.
O governador chegou a classificar a ação dos PMs como ‘execução’ e
‘intolerável’. “Nós tivemos um caso de execução de um preso por parte de
um PM [policial militar] e isso é intolerável. A Polícia Militar já
prendeu toda a equipe. Poucas horas depois da descoberta do fato, cinco
policiais foram presos e responderão a processo. Aqueles que forem
responsabilizados, serão expulsos da polícia. Não há nenhuma
tolerância.", afirmou Alckmin, na segunda.
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