A
defesa do publicitário e ex-seminarista Gil Rugai, 29 anos, acusado de ter
matado o pai, Luiz Carlos Rugai, e a madrasta, Alessandra de Fátima Troitiño,
expôs, na noite desta quinta-feira, uma parte da quebra de sigilo telefônico do
réu para tentar descontruir a tese de que o crime ocorreu após uma discussão
entre pai e filho, que terminou na expulsão do acusado da residência do casal.
As vítimas foram mortas na casa onde viviam, na zona oeste de São Paulo, em 28
de março de 2004 e, segundo a acusação, Gil Rugai teria matado o casal após o
pai dele descobrir, dias antes, uma fraude supostamente cometida pelo filho na
empresa.
Durante o interrogatório do réu, os advogados apresentaram as ligações
telefônicas feitas entre pai e filho no dia 23 de março, quando teria ocorrido
a susposta briga entre os dois, para tentar comprovar que, ao contrário do que
disse uma testemunha à polícia, Gil Rugai estava em um restaurante no momento
em que essa briga ocorreu - supostamente na produtora de vídeos de Luiz
Carlos. Para tanto, os advogados cruzaram os horários das chamadas com os
endereços detectados pelas ERB's (Estação Rádio Base) para tentar comprovar que
o réu não estava no escritório no período apontado, mas, sim, jantando em um
restaurante.
Neste
momento, o advogado Thiago Anastácio questionou se Rugai já teria visto aquela fatura- o que o
réu respondeu negativamente, demonstrando surpresa e, segundo ele, felicidade.
"Eu estou bem feliz. Você tinha me dito mesmo que ia me mostrar
alguma coisa boa e eu estava morrendo de curiosidade para saber. (...) Podia
ter me mostrado antes, para eu ter ficado aliviado mais cedo", disse Gil
Rugai.
A defesa sustenta que essas ligações desmentem a versão da expulsão de
Gil Rugai de sua casa e, por isso, desconstroem o que seria a motivação do
crime, já que estaria "comprovado" que essa briga nunca ocorreu. O
promotor Rogério Leão Zagallo, responsável pela acusação, descartou preocupação
com a "prova" apresentada pela defesa, que classificou como um
"tiro no pé".
"Isso não traz absolutamente nada. Naquela noite, que eles citaram
naquelas ERB's, Gil Rugai, em outro depoimento, fala que esteve com o pai na
Referência (produtora de vídeo do pai dele), que a conversa que se iniciou no
restaurante se prolongou até a casa e continuou naquela residência. Então ele
mentiu aqui, ele faltou com a verdade aqui. Aquelas ERB's não dizem
absolutamente nada e vamos ver o Gil Rugai ser condenado nesse plenário",
afirmou.
Silêncio no depoimento
Gil Rugai depôs por cerca de quatro horas e meia, quando respondeu às perguntas do juiz Adilson Paukoski Simoni, que preside o júri, e as perguntas da defesa. Em sua fala, ele voltou a negar a autoria do crime, disse que nunca teve armas de fogo, rejeitou a versão de que desviou dinheiro do pai e, por isso, foi expulso de casa, e se declarou inocente. "Não fui eu, mas, quem foi, eu não sei", afirmou.
Gil Rugai depôs por cerca de quatro horas e meia, quando respondeu às perguntas do juiz Adilson Paukoski Simoni, que preside o júri, e as perguntas da defesa. Em sua fala, ele voltou a negar a autoria do crime, disse que nunca teve armas de fogo, rejeitou a versão de que desviou dinheiro do pai e, por isso, foi expulso de casa, e se declarou inocente. "Não fui eu, mas, quem foi, eu não sei", afirmou.
Ele, no entanto, respondeu a apenas algumas perguntas da Promotoria, que
o interrogou por cerca de 30 minutos, mas foi orientado pela defesa a não
responder mais às perguntas da acusação. Isso porque os advogados do réu
argumentaram que Zagallo estaria usando suas perguntas para fazer
"discursos" aos jurados.
Para o promotor, porém, a escolha de Gil Rugai em silenciar diante das
perguntas da acusação, embora seja um direito do réu, pode ser "mal
interpretada" pelo júri.
"Quem aqui, que fosse inocente da acusação grave de ter matado o
pai e a madrasta, não iria gritar, a plenos pulmões, sua inocência? Que
inocente é esse que esconde-se atrás de frases como 'eu prefiro me silenciar'.
Que inocência é esse que não pode ser gritada, para que todos possam
ouvi-la?", afirmou. "Esse tipo de coisa, ainda que seja um direito
que a Constituição garante, para mim, é um tiro no pé. (...) Aos jurados,
passa a imagem de que ele tem algo a esconder", completou.
O julgamento começou na última segunda-feira. Quinze testemunhas foram
ouvidas nos últimos quatro dias, sendo cinco de acusação, sete de defesa e três
de juízo. O desfecho do júri deve ocorrer nesta sexta-feira, quando a defesa e
a Promotoria exporão seus argumentos em um debate que pode durar cerca de cinco
horas. Somente após a decisão do Conselho de Sentença, formado pelos sete
jurados, é que o juiz apresentará sua sentença em plenário.
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