Um dia depois de Dilma Rousseff ser lançada à reeleição pelo
ex-presidente Lula, na festa de dez anos do PT no poder, e do senador mineiro
Aécio Neves (PSDB-MG) adotar um tom mais duro, assumindo uma postura de
presidenciável, com a fala sobre os “13 fracassos” do PT, a sucessão
presidencial acaba de ganhar mais um ingrediente. Desta vez, surpreendente.
Fernando Collor de Mello, ele mesmo, está voltando. Pessoas próximas ao senador
alagoano garantem que ele pensa em disputar, novamente, a presidência da
República, em 2014.
O entusiasmo de Collor decorre de algumas pesquisas reservadas,
feitas em todo o País, que incluem seu nome entre os possíveis presidenciáveis.
Aqueles que se declaram inclinados a votar no senador alagoano oscilam entre
14% e 16%, alcançando um universo próximo a 22 milhões de eleitores. É mais,
por exemplo, do que têm o senador Aécio Neves (PSDB-MG), o governador
pernambucano Eduardo Campos, presidente nacional do PSB, e a ex-senadora Marina
Silva, que pretende criar o partido Rede Sustentabilidade. “Se a eleição vai
ser parecida com a de 1989, com tantas candidaturas, por que não eu?”, disse o
parlamentar alagoano, que conquistou espaço até na esquerda, a um interlocutor
próximo.
Collor enxerga um cenário semelhante ao da primeira eleição
presidencial pós-redemocratização em que praticamente todos os partidos
lançaram candidatos. Em 1989, o PT foi de Lula, o PDT lançou Leonel Brizola,
Collor concorreu e venceu pelo novato PRN, o PSDB teve Mário Covas, mas também
foram candidatos nomes como Paulo Maluf, Roberto Freire, Ulysses Guimarães e
Guilherme Afif Domingos.
Desta vez, além das candidaturas já postas, de Dilma, Aécio,
Campos e Marina, há ainda outras possibilidades. O senador Cristovam Buarque,
por exemplo, sonha em concorrer pelo PDT. DEM e PPS também demonstram
insatisfação com a filiação automática aos projetos do PSDB. E a base política
do governo Dilma pode se fragmentar, se Campos vier mesmo a ser candidato.
Nas suas pesquisas, Collor constatou uma boa acolhida em todos os
estados da região Sul, no Nordeste e também em São Paulo. Aos amigos, ele tem
dito que, num cenário fragmentado, ele poderá ao menos enriquecer o debate democrático
e se colocar novamente diante dos olhos do público para que seu governo seja
novamente julgado. “Será que foi justo tirar um presidente por uma Fiat Elba?”,
ele tem dito aos amigos.
Curiosamente, como senador, Collor foi um dos parlamentares mais
solidários a seus algozes do passado. No julgamento da Ação Penal 470, ele diz
ter assistido uma injustiça semelhante ao do seu processo de impeachment, num
processo conduzido pela oposição, em parceria com os meios de comunicação.
No Congresso, ele conquistou a simpatia de parte da esquerda, ao
liderar o movimento pelo impeachment do procurador-geral da República, Roberto
Gurgel, e também pelas convocações de empresários de mídia, como Roberto
Civita, e de jornalistas, como Policarpo Júnior. Mesmo tendo sido vencido
nesses dois debates, Collor marcou posição. E acredita que seus 16% vão muito
além de um simples recall.
Se não houver espaço, Collor terá ainda, em 2014, duas alternativas:
uma nova disputa ao Senado, contra Heloísa Helena, do Psol, ou o governo de
Alagoas, onde o atual gestor Teotônio Vilella Filho, do PSDB, vive um mau
momento.
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