A defesa do ex-goleiro Bruno alega que 710
páginas desapareceram do processo que apura a morte de Eliza Samúdio. O
advogado do ex-jogador, Lucio Adolfo, informou que pediu à juíza Marixa Fabiane
que abrisse investigação para apurar o fato. Ele não
esclareceu se pretende pedir a interrupção do julgamento diante desta acusação.
“Me disseram que foi no outro julgamento, eu
não estava presente. Foi o próprio escrivão da juíza
que disse. São 710 paginas. O escrivão reconhece que uma parte inteira perdeu
110 páginas” afirmou, ao chegar ao fórum de Contagem, na região metropolitana
de Belo Horizonte, para o julgamento de seu cliente.
Adolfo
evitou avaliar as chances de absolvição de Bruno no processo. Segundo ele, há
falhas que indicam que o julgamento do ex-goleiro, neste momento, não deveria
acontecer. Para o advogado de defesa, a acusação não tem certeza sobre quem foi
o executor do crime.
“Acho
complicado julgar agora porque o processo não acabou. Tem investigação em curso
que ainda busca o responsável pela morte. Por que não aguardar o fim das
investigações para delimitar responsabilidades?”, questionou.
Adolfo
acrescentou que as acusações contra Bruno foram baseadas no depoimento do primo
do goleiro, Jorge Luiz Lisboa Rosa, e, mais recentemente, do ex-secretário do
jogador, Luis Henrique Romão, o Macarrão.
“As
primeiras provas são as palavras do Jorge. O próprio promotor o chamou de
mentiroso. Tem também o Macarrão, que fez acordo para pegar menos anos de
cadeia. Agora, querem investigar mais pessoas. Já está aparecendo mais duas.
Diferente do que o Macarrão fala”, completou.
Caso
Bruno
Eliza
desapareceu no dia 4 de junho de 2010 quando teria saído do Rio de Janeiro para
Minas Gerais a convite de Bruno. No ano anterior, a estudante paranaense já
havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a
agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança,
Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de
Bruno.
No
dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido
espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do
jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na noite do dia 25
de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado
como filho do atleta, então com 4 meses, estava lá. A então mulher do goleiro,
Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade.
No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia
entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão
das Neves, onde foi encontrado.
Enquanto
a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em
entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu
sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O
menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo
do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime. Segundo a
polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio
para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos
Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e
esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos
mortais para seus cães.
No
dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o
goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do
crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo,
Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa
Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime.
Todos negam participação e se recusaram a prestar depoimento à polícia,
decidindo falar apenas em juízo.
No
dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e
morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como mandante e executor do crime.
Além dos oito que foram presos inicialmente, a investigação apontou a
participação de uma namorada do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi
indiciada e detida. O Ministério Público concordou com o relatório policial e
ofereceu denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos. O
jovem de 17 anos, embora tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a
morte de Eliza, foi condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e
cumprirá medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado.
No
início de dezembro, Bruno e Macarrão foram condenados pelo sequestro e agressão
a Eliza, em outubro de 2009, pela Justiça do Rio. O goleiro pegou quatro anos e
seis meses de prisão por cárcere privado, lesão corporal e constrangimento
ilegal, e seu amigo, três anos de reclusão por cárcere privado. Em 17 de
dezembro, a Justiça mineira decidiu que Bruno, Macarrão, Sérgio Rosa Sales e
Bola seriam levados a júri popular por homicídio triplamente qualificado, sendo
que o último responderá também por ocultação de cadáver. Dayanne, Fernanda,
Elenilson e Wemerson também irão a júri popular, mas por sequestro e cárcere
privado. Além disso, a juíza decidiu pela revogação da prisão preventiva dos
quatro. Flávio, que já havia sido libertado após ser excluído do pedido de MP
para levar os réus a júri popular, foi absolvido. Além disso, nenhum deles
responderá pelo crime de corrupção de menores.
No
dia 19 de novembro de 2012, foi dado início ao julgamento de Bruno, Bola,
Macarrão, Dayanne e Fernanda. Dois dias depois, após mudanças na defesa do
goleiro, o tribunal decidiu desmembrar o processo. No dia 22 de novembro
de 2012, durante depoimento de cinco horas, Macarrão responsabilizou Bruno pelo
sumiço de Eliza. Dois dias depois, o júri condenou Luiz Henrique Romão, o
Macarrão, a 15 anos de prisão, e Fernanda Gomes de Castro, a cinco anos. O julgamento
de Bruno e de Dayane Rodrigues do Carmo, ex-mulher do goleiro e acusada de ser
cúmplice no crime, foi remarcado para março de 2013. O ex-policial Marcos
Aparecido dos Santos, o Bola, que é acusado como autor do homicídio, teve o
júri marcado para abril de 2013.
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