O
depoimento de Márcio Nakashima - irmão de Mércia Nakashima,
assassinada em maio de 2010 - será desqualificado. A afirmação foi dada nesta
terça-feira por Adão Bispo de Souza, irmão do réu Mizael
Bispo de Souza, na chegada ao Fórum de Guarulhos (SP) para o
segundo dia do julgamento. "O depoimento do Márcio vai vir
abaixo. Todo mundo percebeu que o depoimento dele foi mentiroso e que
eles vão conseguir provar”, disse Adão.
O
irmão de Mizael não quis detalhar quais seriam as mentiras, mas ontem, durante
o depoimento de Márcio, por diversas vezes balançou a cabeça negativamente
quando o irmão de Mércia dizia que o réu era possessivo e ciumento. Adão também
acredita que o primeiro dia de julgamento foi muito favorável ao seu irmão
e acredita que a defesa irá conseguir provar a inocência do policial reformado.
"Os depoimentos mostraram que não há provas contra Mizael",
ressaltou.
Um
dos três advogados de defesa, Ivon Ribeiro, também avalia o primeiro dia de
jugalmento como favorável ao seu cliente. Ele negou que tenha falado mal
de Mércia, como acusado por Márcio em seu depoimento. “A Mércia foi uma pessoa
que eu conheci e nunca tive o que falar sobre ela”, disse, ressaltando
que respeita a dor do irmão da vítima. "Mas ele não conseguiu
responder nenhuma das perguntas que eu fiz", completou.
Segundo
Ribeiro, a defesa irá explorar que o laudo que mostra que havia alga da represa
no sapato de Mizael tinha falhas. Ele acha estranho, por exemplo, que o
documento foi assinado 87 dias depois do crime.
O primeiro
depoimento do dia é o do delegado Antonio de Olim, que comandou as
investigações a respeito do caso, arrolado pela acusação. O assistente de
acusação Alexandre de Sá falou que acredita na condenação de Mizael.
"As provas são muito fortes e o depoimento do delegado será
fundamental porque vai poder explicar como conduziu a investigação e se defender das críticas que recebeu da
defesa nos últimos três anos", explicou.
Além
de Olim, outras sete testemunhas ainda precisam depor - sendo uma de
acusação, cinco de defesa e uma de juízo. Apenas após os depoimentos é que o
réu será ouvido. De a acordo com o juiz Leandro Bittencourt Cano, a expectativa
é que o júri acabe na sexta-feira.
A
movimentação em torno do Fórum de Guarulhos é tranquila hoje, mas a rua
permanece isolada e fechada para o trafego de veículos. Ontem, uma manifestação
pelo fim da violência contra as mulheres atraiu a atenção de curiosos e, do
outro lado, cartazes em favor de Mizael pediam justiça.
O
caso
A advogada Mércia Nakashima, 28 anos, desapareceu no dia 23 de maio de 2010, após deixar a casa dos avós em Guarulhos (Grande São Paulo), e foi encontrada morta no dia 11 de junho, em uma represa em Nazaré Paulista, no interior de São Paulo. A perícia apontou que ela levou um tiro no rosto, um tiro no braço esquerdo e outro na mão direita, mas morreu por afogamento quando seu carro foi empurrado para a água.
A advogada Mércia Nakashima, 28 anos, desapareceu no dia 23 de maio de 2010, após deixar a casa dos avós em Guarulhos (Grande São Paulo), e foi encontrada morta no dia 11 de junho, em uma represa em Nazaré Paulista, no interior de São Paulo. A perícia apontou que ela levou um tiro no rosto, um tiro no braço esquerdo e outro na mão direita, mas morreu por afogamento quando seu carro foi empurrado para a água.
O
ex-namorado de Mércia, o policial militar reformado e advogado Mizael Bispo de
Souza, 43 anos, foi apontado como principal suspeito pelo crime e denunciado
por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emprego de meio cruel e
mediante recurso que dificultou a defesa da vítima. De acordo com a
investigação, Mércia namorou durante cerca de quatro anos com Mizael, que não
se conformava com o fim do relacionamento amoroso. A Promotoria também denunciou o
vigia Evandro Bezerra Silva, que teria o ajudado a fugir do local, mas seu
julgamento ocorrerá separadamente, em julho deste ano.
Preso
em Sergipe dias depois da morte de Mércia, Evandro afirmou ter ajudado Mizael a
fugir, mas alegou posteriormente que foi obrigado a confessar a participação no
crime, sob tortura. Entretanto, rastreamento de chamadas telefônicas feito pela
polícia com autorização da Justiça colocaram os dois na cena do crime, de
acordo com as investigações. Outra prova que será usada pela promotoria é um
laudo pericial de um sapato de Mizael, no qual foram encontrados vestígio de
sangue, partículas ósseas, vestígios do projétil da arma de fogo e uma alga
típica de áreas de represa.
Mizael
teve sua prisão decretada pela Justiça em dezembro de 2010, mas se escondeu
após considerar a prisão "arbitrária e injusta", ficando foragido por
mais de um ano. Em fevereiro de 2012, porém, ele se entregou à Justiça de
Guarulhos e, desde então, aguardava ao julgamento no Presídio Militar de Romão
Gomes - enquanto o vigia permanece preso na Penitenciária de Tremembé. Mizael
nega ter assassinado Mércia e disse, na ocasião, que a tratava como "uma
rainha". Já o vigia afirmou, em depoimento, que não sabia das intenções do
advogado e que apenas lhe deu uma carona. Se condenados, eles podem ficar
presos por até 30 anos.
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