O
patrão que firmar um acordo com o empregado doméstico na demissão sem justa
causa pode ter a multa sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS)
reduzida para 5%. Se não houver acordo, a multa sobe para 10%. É o que proporá
o senador Romero Jucá (PMDB-RR) no projeto que está elaborando para
regulamentar os pontos polêmicos da chamada proposta de emenda constitucional
(PEC) das domésticas. A multa de 5% do FGTS vale naqueles casos em que seja
possível em entendimento entre as partes, onde se alcançaria o que se chama de
culpa recíproca.
Escolhido
como relator para a normatização da PEC, Jucá proporá uma regulamentação
fatiada. Um projeto tratará do ambiente e carga de trabalho, tais como
necessidade de usar um banco de horas, e as condições de prestação do serviço.
Outro será voltado para questões "financeiras", como a multa do FGTS
e contribuições patronais, como Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), e o
seguro-desemprego.
Na primeira proposta, Jucá também vai sugerir
a regulamentação dos cuidadores de idosos. "Eles precisam de um tratamento
específico porque tiveram um outro preparo para exercer a profissão." Para
esses profissionais, Jucá dará três opções: trabalhar no regime normal de
empregado doméstico, com jornada de trabalho de 44 horas semanais, um regime
especial de 12 horas trabalhadas por 36 horas de descanso, ou que eles se
tornem microempreendedores individuais, prestando um serviço para as famílias
como pessoa jurídica.
Jucá
definirá as situações em que se pode ou não usar o banco de horas, que valerá
por um ano. "Por exemplo, empregado que dorme no emprego ou que fica na
casa do patrão no domingo não terá seu horário de descanso contabilizado como
hora trabalhada." A possibilidade de o doméstico fazer mais de duas horas
extras por dia, o que a atual legislação proíbe, também será abordada.
Justiça
A
intenção de evitar uma demanda trabalhista maior pode não ser efetivada com
essa proposta de reduzir a multa sobre o FGTS em casos de acordo. Em reunião
com o senador na semana passada, a presidente da Federação Nacional dos
Trabalhadores Domésticos, Creuza Maria de Oliveira, disse não aceitar a redução
da multa do FGTS de 40%.
"Não
estamos de acordo. Lutamos por direito iguais. Se a multa for 39,99% não há
igualdade de direitos. Eles querem beneficiar os empregadores e, se querem
isso, que vejam outras estratégias, como um abate no Imposto de Renda para
aqueles que regularizarem a situação de suas empregadas", disse Creuza.
Custos
Para
Jucá, no entanto, a redução da multa é essencial para que os patrões consigam
arcar com os custos. "As famílias não são uma empresa, que tem previsão
orçamentária. O orçamento familiar é escasso e muitas vezes sem todo esse
planejamento que pagar uma multa de 40% em demissão exigiria." O senador
acredita que a adoção dos padrões sugeridos por ele aumentaria a formalização.
Hoje, menos de um terço dos cerca de 7,2 milhões de empregados domésticos
existentes no Brasil têm carteira assinada.
Após
reunião na Casa Civil nesta segunda-feira, Jucá disse não poder adiantar como
estão as negociações. A única parte com a qual o governo já teria concordado é
a adoção do Simples das domésticas. As demais ainda estão em discussão,
inclusive o Refis, por meio do qual os patrões poderão, segundo a proposta de
Jucá, renegociar as dívidas com a Previdência Social.
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