Promulgada no começo de abril, a Proposta de Emenda à Constituição
(PEC) n° 66/2012, que ficou conhecida como PEC das Domésticas, entrou em vigor
com alguns pontos que ainda precisam ser esclarecidos. Para o ministro do Trabalho e
Emprego, Manoel Dias, a regulamentação desses pontos deve ficar pronta em breve
- antes mesmo do prazo final. "O prazo seria de 90 dias, mas vamos
antecipar", disse ele nesta quinta-feira. Segundo Dias, a presidente Dilma
Rousseff teria pedido urgência na discussão dos pontos pendentes.
No final da tarde, o presidente da comissão
mista que discute a regulamentação, o deputado Candido Vacarezza (PT-SP),
afirmou que o texto será votado daqui uma semana. Após aprovação, a matéria
deverá passar pelo plenário da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.
Da forma como foi promulgada, a nova
lei aprovou automaticamente a jornada de 44 horas semanais aos
profissionais domésticos, além do pagamento de horas extras com adicional de
50% e do respeito a acordos e convenções coletivas. Contudo, questões como
o pagamento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), adicional noturno
e demissão sem justa causa ainda não estão totalmente esclarecidas.
A regulamentação da PEC das domésticas será
feita por uma comissão mista do Senado Federal. O relator da comissão, Romero
Jucá (PMDB-RR), disse assim que a PEC foi promulgada que toda a regulamentação seria realizada até o fim deste mês.
No entanto, na última quarta-feira, o senador voltou atrás e afirmou que os
trabalhos seriam concluídos em maio. Ele também solicitou a colaboração das
equipes técnicas do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e do Ministério Público
do Trabalho (MPT) para discutir os pontos mais polêmicos. “O TST não pode
antecipar julgamento, mas pode discutir jurisprudência, pode relatar
experiências e entendimentos para facilitar a confecção da lei. Queremos uma
lei que diminua conflitos e, por isso, é importante ouvir a experiência”,
afirmou o senador.
Dias também ressaltou a necessidade do
diálogo entre patrões e empregados: segundo ele, "por se tratar de uma
categoria muito especial, os patrões também vão encontrar, no diálogo, saídas
que permitirão um bom trato entre ambas as partes para cumprir a lei".
O que muda — A PEC das Domésticas deve provocar um impacto
significativo na vida das famílias brasileiras que contam, hoje, com o serviço
de uma empregada. A proposta, que foi votada no Senado no dia 26 de março, vai
assegurar aos empregados domésticos os mesmos direitos de um trabalhador
formal. As garantias valem ainda para babás, motoristas e acompanhantes de
idosos.
O impacto mínimo no
bolso das famílias que contam com mensalistas será de 8%, valor relativo à
obrigatoriedade de pagamento do FGTS. A conta, contudo, pode crescer muito, já
que depende da jornada de trabalho combinada com os patrões. Segundo o
Instituto Doméstica Legal, o empregador poderá desembolsar, em média, 36% a
mais para manter os padrões atuais de serviço de um empregado registrado. O
aumento é válido para situações em que o empregado cumpre duas horas extras de
jornada por dia — prática que, segundo o presidente do Instituto, Mário
Avelino, "é bastante comum em lares brasileiros".
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