A Polícia Militar acredita que o garoto Marcelo Pesseghini,
de 13 anos, suspeito de matar os pais policiais, a avó e a tia na Zona Norte de São
Paulo e
se matar nesta segunda-feira (5), foi à escola pela manhã após já ter assassinado
os parentes.
O
comandante da Polícia Militar, coronel Benedito Roberto Meira, afirmou em
entrevista ao SPTV que câmeras de segurança mostram uma pessoa, que seria
Marcelo, estacionando o veículo da mãe à 1h15 de segunda próximo ao Colégio
Stella Rodrigues, na Rua João Machado. A pessoa sai após as 6h30, com uma
mochila nas costas e entra na escola. O vídeo, no entanto, não permite
confirmar com exatidão que a pessoa é o garoto.
“A
imagem que nós temos é de uma pessoa estacionando esse veículo a 1h15 da manhã
e às 6h30 da manhã uma pessoa desce desse veículo, coloca uma mochila nas
costas e vai em direção à escola. O que leva a deduzir que essa pode ser o
garoto Marcelo”, disse Meira.
Para
a Polícia Militar, as mortes dos parentes de Marcelo, em duas casas que ficam
num mesmo terreno na Rua Dom Sebastião, na Vila Brasilândia, aconteceram entre
a noite de domingo (4) e a madrugada de segunda-feira.
Um
dos indícios da participação do menino é o fato de o pai de um colega de escola
ter dado carona a Marcelo ao final da aula de segunda. A testemunha prestou
depoimento no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e contou
que Marcelo pediu para que ele não buzinasse diante da casa porque seu pai
estaria dormindo.
O
coronel Benedito Meira afirmou que está descartada a possibilidade de vingança.
“Nós descartamos possibilidade de retaliação por parte de facção. A casa não
estava revirada, não há sinais de arrombamento", afirmou.
Disparo
Andréia
Regina Bovo Pesseghini, de 36 anos, o sargento da Rota Luís Marcelo Pesseghini,
a mãe da policial militar, Benedita de Oliveira Bovo, de 67 anos, a tia da
policial, Bernadete Oliveira da Silva, de 55 anos, e o filho do casal, de 13
anos, foram encontrados mortos em duas casas da família que ficam no mesmo
terreno. Os corpos das vítimas deixaram o Instituto Médico-Legal (IML) na Zona
Oeste de São Paulo no início desta tarde.
Os
corpos serão velados no cemitério Gethsemani, no km 23 da Via Anhanguera, em
São Paulo. Só Bernadete Oliveira da Silva será enterrada neste cemitério. Os
demais corpos serão levados para Rio Claro, no interior do estado, em comboio
pela Polícia Militar.
Menino canhoto
Segundo
o coronel Benedito Meira,"o menino era canhoto, o disparo foi feito do
lado esquerdo da cabeça dele e a arma estava debaixo do corpo do
adolescente". No entanto, ele ressaltou que a polícia não descarta que
outras linhas de investigação possam aparecer nos próximos dias. No boletim de
ocorrência registrado pela Polícia Civil consta que o adolescente encontrado
morto "empunhava a arma na mão esquerda, debaixo do corpo".
Nesta
terça-feira, Fábio Luiz Pesheghini, irmão de Luís Marcelo, afirmou que o
sobrinho não era canhoto. "Pelo que eu sei ele era destro. Eu tenho quase
certeza que ele era destro”, disse. Segundo Fabio, o sobrinho era “tranquilo,
uma criança normal, que não dava trabalho para os pais, mal saía de casa”. Ele
disse desconhecer se o irmão e a cunhada recebiam ameaças.
O
adolescente tinha fibrose cística, doença genética que afeta o funcionamento de
secreções do corpo, levando a problemas nos pulmões e no sistema digestivo.
Segundo o capitão Laerte Araquém Fidelis Dias, do 18º Batalhão da 1ª Companhia
da Polícia Militar, na Freguesia do Ó, a cabo Andréia, que era subordinada a
ele, recebeu a previsão de que o filho só viveria até os quatro anos. Dias a
definiu como uma funcionária exemplar.
"Excelente
funcionária, alegre, trabalhadora e esforçada. Mesmo a gente sabendo deste
problema do filho - o primeiro parecer médico é que ele viveria quatro anos -
ela tinha o astral lá em cima", disse o capitão. Ele afirma ter encontrado
com o menino duas ou três vezes, que não aparentava fisicamente ter qualquer
problema e o definiu como tímido.
O
capitão Dias trabalhava com Andréia há dois anos. Segundo ele, ela estava
afastada das ruas por um problema de coluna - a cabo possuía pinos metálicos na
coluna e fazia fisioterapia no Hospital das Clínicas. Ele disse nunca ter
ouvido relatos de problemas conjugais.
Investigações
O
comandante da PM negou que os policiais militares mortos tivessem problemas
psicológicos ou mesmo que já tenham sido investigados pela Corregedoria da
corporação.
Ainda
segundo o comandante da PM, ao menos duas armas foram apreendidas na residência,
um revólver calibre 32, encontrado em uma mochila junto com outros pertences do
menino logo na porta de entrada, e uma pistola calibre .40, de propriedade da
Polícia Militar mas que estava de posse da cabo. "O revólver era da
policial, que ficou com a arma do pai, após o falecimento dele", explicou
Meira.
O
oficial afirmou que foram efetuados ao menos cinco tiros dentro da casa, todos
compatíveis com um pistola .40. Apesar disso, apenas exames de balística
deverão comprovar se os disparos foram feitos pela pistola encontrada sob o
corpo do garoto morto. "O que os peritos apuraram aqui é que não tem
nenhum estojo diferente do de .40 na residência."
Além
disso, a perícia localizou cinco cartuchos de pistola .40 deflagrados, além de
um carregador com outros projéteis não deflagrados e mais um na câmara de
disparo da arma, perfazendo um total de 14, justamente a capacidadetotal de um
carregador.
Além
do exame de balística da arma, um conjunto de provas e perícias deverá ser
realizada ainda na madrugada desta terça-feira, segundo Meira. "Por
exemplo, o exame toxicológico dos corpos. Será que essas pessoas tomaram algum
tipo de medicamento, alguma substância que as deixaram adormecidas?",
questionou.
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