Criação de dois novos partidos, Solidariedade e PROS,
promete desencadear migrações envolvendo 45 deputados e afetar sobretudo
as legendas da base governista. E o PT e o PMDB já trabalham para tirar
da gaveta o projeto que inibe a criação de novas agremiações. O objetivo dos
partidos governistas é fechar a brecha na regra da fidelidade partidária criada
pelo Judiciário. O parlamentar que ingressar num partido recentemente
criado não poderá ter o cargo questionado pela legenda que o abrigava
anteriormente. A negociação dos novos partidos envolve divisão de
tempo de TV em campanhas eleitorais e recursos do fundo partidário.
Nessa quarta, no primeiro dia após o
surgimento, os dois novos partidos anunciavam 45 adesões.
Criado pelo deputado Paulo Pereira da Silva,
o Paulinho da Força, de saída do PDT, o Solidariedade tem caráter oposicionista
no plano federal e deve se alinhar a Aécio Neves (PSDB-MG) em 2014. O
PROS, que tem como presidente Eurípedes Júnior, um ex-vereador com passagem por
cinco pequenos partidos, provavelmente integrará a base governista no
Congresso. Nos estados, entretanto, os dois novos partidos fazem composições
com governadores e lideranças da base e da oposição.
A legenda comandada por Paulinho anunciou
nesta quarta a adesão de 35 deputados - sendo um deles suplente
-, e um senador, Vicentinho Alves (TO), que vai deixar o PR. Em reunião
realizada em um hotel na tarde de ontem, 18 deles já discutiam a forma de
ampliar a bancada e fazer um arrastão de filiações também nos Estados.
De acordo com informações do jornal O Estado de S. Paulo, o PROS informou ontem a adesão de 10
deputados federais, entre eles Vicente Arruda (PR-CE), Givaldo Carimbão
(PSB-AL) e Ademir Camilo (PDT-MG). O partido vive a expectativa de filiar o
governador do Ceará, Cid Gomes, de saída do PSB. Com isso, pode receber a
filiação do atual ministro Leônidas Cristino (Portos).
De acordo com as listas divulgadas pelas
legendas, o PDT é quem mais sofre com a migração na Câmara. Dos 26 deputados,
seis iriam para Solidariedade e dois para o PROS. O PR é outro que deve
ter baixas significativas, perdendo 6 de seus 38 deputados. O PMDB aparece na sequência,
com cinco perdas. Na oposição, PSDB, DEM e PPS devem ter a saída de dois
deputados cada. O PSB, que anunciou a saída do governo Dilma pela candidatura
de Eduardo Campos, também tem duas baixas.
A criação de novos partidos é a principal
porta de saída para parlamentares insatisfeitos. Neste caso, eles mantêm seus
mandatos e ainda levam o tempo de TV e recursos do fundo partidário.
No horário eleitoral, a estimativa é que cada deputado represente 2,5 segundos
em cada bloco da propaganda durante as eleições. O Solidariedade nasceria
com um capital de quase um minuto.
Em relação ao fundo partidário, a divisão é
feita com base nos votos recebidos nas últimas eleições, mas a estimativa é que
a legenda de Paulinho tenha mais de R$ 10 milhões a receber a partir do próximo
ano.
A movimentação pode ter ainda outro
ingrediente na próxima semana, caso o Tribunal Superior Eleitoral autorize a
criação da Rede Sustentabilidade, partido que a ex-ministra Marina Silva tenta
criar para disputar a Presidência.
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