Levantamento da União Brasileira em Defesa da
Criação dos Novos Municípios (UBDCNM) indica que Maranhão, Bahia, Ceará e Pará
são os estados onde mais municípios poderão ser criados depois de ter sido
aprovado, na Câmara e no Senado, projeto de lei que estabelece as regras para a
emancipação de distritos.
De acordo com a entidade, o Maranhão tem 32
distritos que atendem aos requisitos estipulados pelo projeto para emancipação.
A Bahia tem 28, o Ceará, 26, e o Pará, 21. No total, o levantamento apontou 185
distritos em todo o país em condições de reivindicar a separação dos municípios
aos quais atualmente pertencem (veja na tabela abaixo). Há ainda,
segundo a entidade, uma proposta de fusão de três municípios no Rio Grande do
Sul.
O levantamento serviu de base para o parecer do
relator do projeto no Senado, Valdir Raupp (PMDB-RO), aprovado na última
quarta-feira (16). Com a aprovação, o projeto, que já tinha passado na Câmara,
teve a tramitação concluída no Congresso e agora segue para sanção ou veto pela
presidente Dilma Rousseff.
ESTADOS COM MAIS DISTRITOS EM CONDIÇÕES DE SE
EMANCIPAR (*)
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(*) De acordo com levantamento da União
Brasileira em Defesa da Criação dos Novos Municípios (UBDCNM)
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Fonte: UBDCNM e Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE)
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O texto regulamenta a Constituição ao estabelecer
regras de incorporação, fusão, criação e desmembramento de municípios e
determina quais distritos poderão se emancipar após a realização de um
plebiscito (veja as regras ao final deste texto).
Inicialmente, a UBDCNM havia identificado mais de
500 distritos que pretendiam se emancipar em todo o país. Mas a estimativa
diminuiu devido às restrições introduzidas no projeto durante a tramitação no
Congresso.
O presidente da entidade, Augusto César Serejo,
informou que, se sancionada pela presidente Dilma Rousseff, a lei deverá afetar
cerca de 1,8 milhão de pessoas que, segundo ele, vivem em “distritos
abandonados”.
“Eram mais de 500 distritos no país inteiro que
pretendiam emancipação mas, com o rigor da lei, quase 70% ficaram pelo caminho.
A lei não nos agradou porque temos prova suficiente de que é emancipando que se
desenvolve. Mas ficamos satisfeitos ao pensar que é melhor ter lei do que não
ter norma nenhuma para se criar município”, declarou Serejo.
Desenvolvimento e autonomia
Para o pesquisador Paulo de Tarso Linhares, do
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), fundação pública vinculada à
Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, novas áreas de
desenvolvimento e de produção agrícola estão entre os motivos para as demandas
dos distritos por autonomia.
“O que pode estar acontecendo é que, nesses últimos
20 anos, o oeste da Bahia e o sul do Maranhão foram áreas que se desenvolveram
muito, sobretudo com o cultivo de grãos. Se muitos desses distritos que querem
autonomia estão nessa região é porque são áreas que atingiram escala
populacional razoavelmente grande, o que demanda autonomia para se gerenciar
melhor”, declarou Linhares.
Para o presidente da UBDCNM, os pedidos de emancipação
surgiram devido à distância dos distritos em relação ao núcleo urbano dos
municípios e à falta de serviços públicos básicos para as populações dessas
áreas.
“Em Altamira, no Pará, por exemplo, existe um
distrito de cerca de 15 mil habitantes que fica a 1.214 km do centro do
município. No tempo de chuva, ficam praticamente seis meses isolados”, afirmou
Serejo.
Desde 1996, a criação de municípios estava suspensa
por falta de regulamentação. A Constituição de 1988 deixava a cargo dos estados
definir as regras para a emancipação e fusão de localidades.
No entanto, uma emenda constitucional de 1996
determinou que municípios só poderiam ser criados após a regulamentação das
normas em âmbito federal – proposta aprovada nesta semana.
Segundo o pesquisador Paulo de Tarso Linhares, que
estuda os cerca de 1,5 mil municípios criados de 1988 a 1996, em vários
casos “podemos dizer que a divisão de município foi bem sucedida”.
Linhares critica o argumento de que novos
municípios geram mais gastos públicos. “Muitas coisas têm gasto, mas o que se
espera é que se traga mais benefício do que custo. A pergunta é: em que casos
isso se revela positivo e quando é negativo?”
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