Uma
arma de fogo foi encontrada na manhã desta segunda-feira (9) no interior do
Complexo Prisional do Curado, localizado na Zona Oeste do Recife. O
revólver estava enterrado com cinco munições no canto do muro da área externa
do Presídio Juiz Antônio Luiz Lins de Barros (Pjallb), um dos três que compõem
o complexo. A apreensão foi comandada pelo juiz da 1ª Vara Regional de
Execuções Penais de Pernambuco (1ª VEP), Luiz Rocha, em parceria com os agentes
penitenciários e o Grupo de Operações Especiais (GOE) da Polícia Civil. Os
detalhes foram divulgados em coletiva de imprensa nesta manhã, no Fórum Rodolfo
Aureliano. Na ocasião, também foi revelado o balanço dos primeiros 15 dias do
Regime Especial da 1ª VEP, instaurado no último dia 22 para dar celeridade ao
julgamento dos processos relacionados aos detentos do Curado.
Segundo Luiz Rocha, a informação sobre a existência
da arma chegou à 1ª VEP após a rebelião ocorrida no mês passado, que deixou um
saldo de três mortos e 70 feridos. O magistrado confirmou a localização do
revólver na madrugada desta segunda e, às 7h, se dirigiu ao presídio para
efetuar a apreensão. “Foi uma ação conjunta da 1ª VEP com a gerência de
operação e inteligência, a Secretaria de Ressocialização e os agentes. Primeiro
procuramos nos pavilhões, mas a arma estava na área externa da unidade,
enterrada no canto do muro”, conta. Além da arma, foram apreendidos alguns facões
nesta manhã, mas em número bem inferior aos saldos das vistorias realizadas
logo após a rebelião.
O revólver foi levado ao Fórum Rodolfo Aureliano,
na Ilha de Joana Bezerra, onde o juiz Luiz Rocha apresentou o balanço dos
primeiros 15 dias de regime especial da 1ª VEP. Na ocasião, Rocha informou que
a arma será encaminhada para a Secretaria de Defesa Social (SDS) para ser
analisada. Ele preferiu não comentar a possibilidade de o revólver ter
provocado a morte do sargento da Polícia Militar vitimado durante a rebelião.
“Isso é de responsabilidade do secretário de Defesa Social e do delegado que
ficará responsável pela investigação. Mas é importante ressaltar que é raro
encontrar uma arma de fogo em uma unidade prisional e, por sorte, conseguimos
retirá-la antes de um crime maior”, afirmou.
Processos
Ainda nesta segunda-feira, o juiz Luiz Rocha
apresentou o balanço dos primeiros 15 dias do Regime Especial da 1ª Vara
Regional de Execução Penal de Pernambuco, instaurado no último dia 22 para dar
celeridade ao julgamento dos processos relacionados aos detentos do Curado - a
demora no andamento dos julgamentos foi uma das principais queixas dos
presidiários durante a rebelião. Nesse período, já foram analisados 650 dos 17
mil processos que estavam pendentes na VEP em janeiro. Desses, 202 dizem
respeito aos presos do Curado e a maior parte resultou em progressão de pena.
Dos 202 internos do Curado que tiveram seus
processos analisados, 126 progrediram para o regime semiaberto, cinco para a
prisão domiciliar e três para o regime aberto. Além disso, 34 detentos ganharam
o livramento condicional e outros seis remissões de pena. Também houve duas
comutações de pena, uma extinção de pena, um indulto definitivo e um
restabelecimento do regime aberto. Mais 23 presos foram transferidos para
outras unidades prisionais. De acordo com Rocha, esses detentos pediram para
ser transferidos por “interesses familiares e de segurança” e foram para a
Penitenciária Barreto Campelo, em Itamaracá, onde um motim deixou um morto
e três feridos neste domingo (8).
Hoje, quase 6.992 homens estão presos no Complexo
Prisional do Curado, cuja capacidade original é de 2.114 detentos. No entanto,
segundo Rocha, a maior parte desses internos não tem direito à progressão de
pena. De acordo com o juiz, além dos 202 que já foram beneficiados durante o
regime especial, poucos ainda podem ganhar progressão de pena. “Demos
prioridade aos processos que tinham direito a benefícios e esta primeira etapa
já está vencida. Agora, estamos trabalhando em processos novos, que estão
aguardando providências como informações de outras comarcas”, explica. Além dos
detentos do Curado que ainda precisam cumprir certo tempo de pena para ser
beneficiado com concessões, os processos que ainda serão analisados dizem
respeito aos internos das outras nove unidades prisionais do estado.
Por isso, não deve haver muitas outras progressões
de pena no Curado por enquanto. Mesmo assim, Rocha considera que os resultados
apresentados nesses primeiros dias de mutirão já acalmaram os ânimos na
unidade. “Só no Pjallb, tivemos quase 100 transferências de presos para outras
unidades. Com isso, ja é possível identificar uma satisfação com o trabalho que
a VEP está produzindo”, acredita.
O magistrado ainda declarou que os 202 processos
julgados nesses primeiros 15 dias de regime especial não demorariam mais que
dois meses para serem analisados. “Esses processos seriam analisados em até 60
dias sem o regime especial. É um tempo razoável, por isso digo que, em relação
à 1ª VEP, não havia motivo para movimento [rebelião] tão agressivo e violento”,
declarou, afirmando que não será necessário prorrogar os 180 dias de regime
especial para concluir o julgamento dos processos que estavam pendentes na VEP
durante a rebelião.
Rocha explicou ainda que esses documentos dizem
respeito a apenas 50% dos presos do Curado, aqueles cujos processos já foram
julgados. Já a outra metade dos internos ainda espera por julgamento, que é
realizado por outras varas judiciais. O julgamento desses internos também está
sendo priorizado pela Central de Agilização Processual do Tribunal de Justiça
de Pernambuco.
G1PE
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