Sancionada em 2012, a lei
estadual que exige que mototaxistas ofereçam a touca descartável aos
passageiros, ainda é desconhecida principalmente por quem utiliza do serviço em
Petrolina,
no Sertão pernambucano. Segundo profissionais e clientes, é uma questão
cultural no município.
Joaquim da Silva Davi é
mototaxista há seis anos na cidade. Ele disse desconhecer a exigência do uso da
touca de forma obrigatória. Já tinha ouvido falar que deveria ser oferecido,
mas não sabia que era obrigação e raramente alguém pede. Talvez seja uma das
causas da gente não se interessar muito em ter, pois se tivesse uma cobrança
maior por parte do cliente a gente compraria e forneceria, pois isso faz parte
da higiene”, disse o mototaxista. Mesmo sem oferecer a touca, Joaquim disse que
semanalmente faz limpeza no capacete com água e detergente líquido.
Jhony Ribeiro trabalha no
ramo há oito anos. Ele disse que até chegou a comprar o material assim que a
lei foi sancionada, mas acabou perdendo por falta de uso. “A gente comprou no
início assim que a lei entrou em vigor, mas as pessoas nunca pedem. Acho que
eles não sabem dessa lei”, contou. David Alves também afirmou que comprou
as toucas e chegou a usar como equipamento obrigatório. “Eu colocava na minha
bolsa, mas como ninguém pedia, elas acabaram sujando e eu tive que descartar”,
justificou por não portar mais o equipamento de higiene.
Edielson Pereira de Almeida
é mototaxista há nove anos. Segundo ele, a Empresa Petrolinense de Trânsito e
Transporte Coletivo (EPTTC) não faz mais esta parte de fiscalização pelo
reflexo da falta de interesse da própria população. “Hoje a EPTTC não cobra a
parte da touca porque no começo as pessoas diziam que não queriam. Então hoje a
gente parou de comprar, já que 95% dos passageiros não usam”, disse. Mas o
trabalhador destacou que se alguém insistir, ele compra. “Quando chega alguém
pedindo a gente diz que não tem. Mas se me apertar vou ali na loja rapidinho e
compro”, destacou.
Lucineide Teixeira da Silva
é usuária do serviço. Ela conta que em nenhuma das vezes que precisou do
serviço de um mototaxista foi oferecida a touca. “Nunca me ofereceram e nunca
pedi também. A maioria das vezes eu usei mototáxi e fiquei cismada de pôr na
cabeça por causa do mau cheiro. Até hoje ninguém me ofereceu. Eu nem sabia se
eles tinham esta touca. Eles não cumprem a lei”, destacou a usuária do serviço.
Severino José Ferreira
também disse que nunca ofereceram a touca. “Precisei usar mototáxi aqui em
Petrolina duas vezes e ninguém nunca me deu esta touca, só o capacete mesmo. É
importante porque a gente nunca sabe o que pode pegar pela cabeça do outro”,
contou. Samira Rafaela também faz parte do grupo que nunca teve a oportunidade
de usar a touca quando solicita o serviço de mototáxi. Para ela, mesmo que o
passageiro não peça, é preciso que eles tenham o material. “A obrigação é deles
de oferecer. Acho que dizer que o passageiro não quer usar é desculpa, porque
se eles tivessem e entregassem a gente usava”, disse.
Em Petrolina não há
fiscalização para que a lei que exige o uso da touca descartável seja cumprida.
De acordo com o coordenador da 8ª Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran)
de Petrolina, Wenderson Batista, apensar da lei ser estadual, a
responsabilidade pela fiscalização é da EPTTC. “Neste caso o Detran daqui não
executa a fiscalização, porque não tem agente, já que o trânsito é
municipalizado. A população tem que recorrer à EPTTC porque é quem administra o
trânsito”, disse.
Já o coordenador de Educação
no Trânsito da EPTTC, Jilmar Barros, informou que o município não faz a
cobrança. “Aqui a gente não cobra dos mototaxistas. Não existe fiscalização, pois
esta lei não está na jurisdição do município”, explicou.(G1-PE)
Comentários
Postar um comentário
Forneça seu Nome (Obrigatório) e os comentarios que tiverem ofensas,serão deletados