O Vaticano e o "Estado
da Palestina" chegaram a um acordo de princípio sobre o estatuto e as
atividades da Igreja Católica nos territórios palestinos, confirmando seu pleno
reconhecimento desta entidade, enquanto as negociações com Israel permanecem
paralisadas. A Santa Sé utilizou pela
primeira vez, em fevereiro de 2013, a expressão "Estado da
Palestina", após a admissão da Palestina como um Estado observador nas
Nações Unidas, em novembro de 2012.
O acordo, negociado há 15
anos, aborda aspectos essenciais da vida e da atividade da Igreja na Palestina,
segundo anunciou nesta quarta-feira (13) a Santa Sé em um comunicado.
"O acordo será
apresentado às respectivas autoridades para aprovação antes de definir uma data
para a assinatura em um futuro próximo", indicou o Vaticano no texto
divulgado depois de uma reunião de trabalho da comissão bilateral entre o
Vaticano e palestinos.
De acordo com a agência
especializada I.Media, o acordo poderia ser assinado já no próximo fim de
semana, durante a visita do presidente palestino, Mahmud Abbas, por ocasião da
canonização de duas freiras palestinas, Mariam Bawardi e Marie-Alphonsine
Ghatas, no domingo.
Há mais de dois anos, o Vaticano tem se posicionado
em conformidade com a designação da ONU, lamentando que o Estado em questão não
exista de fato.
Em 12 de dezembro de 2013, o
papa Francisco recebeu as credenciais de um embaixador da Palestina, Kasisié
Isa, que está no anuário pontifício como "embaixador extraordinário e
plenipotenciário, representante do Estado da Palestina ante a Santa Sé".
"É claro que a Santa Sé
considera a Palestina como o Estado da Palestina (...). O que é novo é que,
pela primeira vez, isso é expresso por ocasião de um acordo", indicou à
AFP o porta-voz do Vaticano Federico Lombardi.
O acordo sobre o lugar da
Igreja nos territórios palestinos também expressa o apoio do Vaticano a uma
solução "para o conflito entre israelenses e palestinos como parte da
fórmula de dois Estados", indicou o Monsenhor Antoine Camilleri, chefe da
delegação Santa Sé, em uma entrevista ao jornal Osservatore Romano.
Monsenhor Camilleri
expressou a esperança de que o acordo possa "de maneira indireta (...)
ajudar os palestinos a ver estabelecido e reconhecido um Estado palestino
independente, soberano e democrático, vivendo em paz e segurança com Israel e
os seus vizinhos" .
O
136º país
Para a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), este acordo faz do Vaticano o 136º país a reconhecer o Estado palestino.
Para a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), este acordo faz do Vaticano o 136º país a reconhecer o Estado palestino.
"Esse reconhecimento
inclui as fronteiras de 1967 e, portanto, Jerusalém Oriental como Palestina,
uma posição corajosa do Vaticano", assegurou uma autoridade palestina.
Para Israel, no entanto,
"tal decisão não faz avançar o processo de paz e afasta a liderança
palestina da mesa de negociações bilaterais", afirmou um funcionário do
ministério das Relações Exteriores.
"Israel vai analisar
este acordo e considerará suas consequências", disse a fonte.
A Santa Sé, que mantém
relações com Israel desde 1993, também negocia, desde 1999, um acordo sobre os
direitos jurídicos e econômicos da congregações católicas no Estado judaico, em
particular isenções fiscais. Mas cada reunião semestral terminou em fracasso.
Há anos, o Vaticano faz um
exercício diplomático delicado entre Israel e os palestinos, por ter
implementado comunidades católicas em ambos os lados deste berço do
cristianismo, que continua a ser um importante local de peregrinação.
Por um lado, quer evitar
ofender Israel e despertar críticas ligadas ao papel da Igreja na história do
antissemitismo na Europa. Mas, por outro, também defende uma solução de dois
Estados, um estatuto especial reconhecido para Jerusalém, cidade das três
religiões monoteístas, e os direitos dos palestinos na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.
Durante a sua visita à
região em maio de 2014, o papa Francisco inesperadamente parou em frente ao
muro de separação do lado palestino, o que foi desaprovado pelos israelenses. (G1).
Comentários
Postar um comentário
Forneça seu Nome (Obrigatório) e os comentarios que tiverem ofensas,serão deletados