O juiz federal Sérgio Moro, responsável
pela Operação Lava Jato na primeira instância, escreveu no despacho de prisão
de José Dirceu que o ex-ministro "teria insistido" em receber
dinheiro de propina em contratos da Petrobras mesmo após ter deixado o governo,
em 2005.
Dirceu foi preso na manhã desta segunda-feira (3), em
Brasília, na 17ª fase da operação, deflagrada pela Polícia Federal. Ele
deve ser levado na parte da tarde para a superintendência em Curitiba.
No pedido de prisão, Moro afirma que as provas levantadas
até agora na Lava Jato apontam que o ex-diretor de Serviços daPetrobras Renato
Duque, também investigado, foi indicado para o cargo por influência de Dirceu.
Uma das diretorias da estatal em que havia pagamento de propinas, segundo as
investigações, era a de Serviços.
"As provas até o momento colhidas revelam que Renato
de Souza Duque, o ex-diretor de Serviços e Engenharia da Petrobras, teria sido
nomeado ao seu posto por influência de José Dirceu e de associados deste e que,
na divisão dos valores de propina dirigidos à Diretora de Serviços e
Engenharia, parte caberia a José Dirceu e ao seu grupo.José Dirceu teria
persistido em receber sua parcela, mesmo depois de ter deixado o cargo de
Ministro da Casa Civil", escreveu Moro no despacho.
Segundo o juiz, os pagamentos a Dirceu foram confirmados
por dois suspeitos de intermediar a propina no esquema: Júlio Camargo,
executivo da Toyo Setal, e o lobista Milton Pascowitch. Ambos firmaram acordo
de delação premiada para contar o que sabem em troca de abrandamento de
eventuais penas.
Moro escreveu que, em um dos depoimentos, Camargo afirmou
que repassou cerca de quatro milhões de reais da parcela de propina destinada à
Diretoria de Serviços da Petrobras a José Dirceu. De
acordo com o juiz, o delator não deu mais detalhes nessa ocasião. (Gb)
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