A
Justiça Federal no Paraná homologou um acordo de delação premiada entre o
Ministério Público Federal (MPF) e o operador Hamylton Pinheiro Padilha,
indiciado pela Polícia Federal (PF) em inquérito da 15ª fase da Operação Lava
Jato. O acordo veio à tona na conclusão do inquérito, em que a PF anexou o
termo de colaboração e documentos apresentados pelo delator.
O
relato e a documentação embasaram o indiciamento de Jorge Luiz Zelada,
ex-diretor da Área Internacional da Petrobras, pelos crimes de corrupção
passiva, lavagem de capitais e evasão de divisas. Padilha detalhou como
funcionou um suposto esquema para operar pagamentos de propina em um contrato
para cessão do navio-sonda Titanium Explorer para a estatal.
Padilha
era representante da Vantage Drilling Corp, empresa que negociou o navio com a
Petrobras. Ele conta que foi procurado por Raul Schmidt Felippe Júnior – outro
operador – que informou que negócio só prosseguiria se houvesse pagamento de
propina para Jorge Luiz Zelada, que havia substituído Nestor Cerveró na
diretoria Internacional da Petrobras.
Neste
encontro, que ocorreu em local público do Rio de Janeiro, Padilha diz que Raul
o apresentou a João Augusto Rezende Henriques, que era seria o intermediário de
Zelada para as instruções de recebimento de propina. Na ocasião, foi discutida
uma dificuldade para operar o pagamento da propina sem despertar a atenção do
setor de prevenção de fraudes da Vantage.
A
solução encontrada, segundo Padilha, foi buscar a empresa proprietária do navio
para fazer – a Taiwan Maritime Transportation co. Ltd – que afretou o navio
para a Vantage negociar com a Petrobras. Para chegar até o acionista
controlador da TMT, Hsin Chi Su – também referenciado como Nobu Su -, Padilha
conta que precisou da intermediação do CEO da Vantage, Paul Alfred Bragg. O
delator afirma, porém, que Bragg não sabia das irregularidades.
O
encontro com Nobu Su ocorreu em Nova Iorque, onde Padilha conta que acertou o
pagamento de propina diretamente pela TMT, que também é acionista da Vantage.
Para concluir o negócio, Nobu Su foi ao Rio de Janeiro, em um encontro
arranjado com Padilha no hotel Copacabana Palace.
Ali,
Padilha conta que apresentou Nobu Su ao intermediário de Zelada João Augusto
Rezende Henriques, para que eles acertassem os detalhes do pagamento da
propina. O delator conta que não sabe detalhes da operação.
Comissão
O
delator diz que, para receber a comissão, foi assinado um acordo entre uma
subsidiária da TMT e a empresa Oresta, de propriedade de Padilha. A Oresta
deveria receber U$S 15,5 milhões de comissão pela negociação – o delator afirma
ter ouvido Henriques dizer que este também era o valor negociado para a propina
que tinha Zelada como destinatário final.
Da
comissão, metade deveria ficar com Padilha, e a outra metade deveria ser
transferida para Raul. O delator conta, porém, que foi recebido efetivamente
apenas U$S 10,8 milhões, em dois pagamentos no ano de 2009 – o restante não foi
pago porque a TMT entrou em concordata.
Todos
os citados na delação de Padilha, inclusive ele, foram indiciados pela PF no
inquérito da 15ª fase da Lava Jato.
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