Depois de armar um buraco
nas contas públicas, o governo pensa em tapá-lo recriando um imposto. É como
uma nova CPMF. Por enquanto, com alíquota de 0,38% sobre transações bancárias,
exatamente o último percentual da CPMF.
A proposta de ressuscitar o
imposto foi anunciada pelo ministro da Saúde, Arthur Chioro, que defendeu mais
dinheiro para o SUS. Com um novo nome, CIS (Contribuição Interfederativa da
Saúde), o imposto, se aprovado, deve arrecadar até R$ 85 bilhões por ano. O
dinheiro, exclusivo para saúde, seria dividido entre municípios, estados e o
governo federal.
O desafio da equipe
econômica é fechar as contas. A arrecadação está em queda, o país não cresce e
o corte de gastos não está sendo suficiente. A proposta de criar mais um
imposto depende de aprovação no Congresso.
"Acho pouco provável
que eles aprovem aqui na casa. Se eles mandarem, o projeto vai tramitar, mas eu
vejo pouca possibilidade de aprovar", declara o deputado Eduardo Cunha
(PMDB/RJ), presidente da Câmara.
"Nós estamos em uma
crise econômica, profunda, e qualquer movimento nessa direção pode agravar a
crise. Aumentar desemprego, retração da economia. Eu acho que nós devemos ter
muita prudência com relação a isso", diz o senador Renan Calheiros
(PMDB/AL), presidente do Senado.
A proposta dividiu até
políticos do partido da presidente:
"Eu acho complicado se
aprovar única e exclusivamente um imposto sem outras medidas que são
fundamentais pra você colocar as contas do governo em ordem", afirma o
senador Delcídio Amaral (PT/MS), líder do governo no Senado.
"Eu acho que tinha que
ser uma contribuição social para a saúde vinculada constitucionalmente. Estou
com projeto prontinho, está no forno e eu estou apenas avaliando, porque como
eu sou do governo, para não dar ideia que é o governo que está apresentando,
mas é uma iniciativa que eu quero tomar nos próximos dias", diz o deputado
José Guimarães (PT/CE), lider do governo na Câmara.
A CNI (Confederação Nacional
da Indústria) afirmou que a volta da CPMF é absurda porque aumenta custos e
tira a competitividade. Para a Federação do Comércio de São Paulo, é
prejudicial à economia brasileira e potencializa a carga tributária.
O tributarista Fernando
Zilveti também é contra a proposta. "Quando você aumenta imposto, em uma
situação econômica ruim, você diminui a confiança do investidor e você agrava a
situação do contribuinte. Então quem vai pagar a conta é quem consome, e,
claro, aumento de preços e mais inflação", aponta Zilveti, que é advogado
tributarista e professor da FGV-SP. (Fonte:g1)
Comentários
Postar um comentário
Forneça seu Nome (Obrigatório) e os comentarios que tiverem ofensas,serão deletados