O advogado-geral da União, Fábio Medina
Osório, foi demitido do cargo nesta sexta-feira, 9, e atribuiu a exoneração à
suposta insatisfação do Palácio do Planalto com medidas tomadas pela AGU contra
políticos investigados na Lava Jato, incluindo parlamentares da base aliada do
governo Michel Temer. A saída foi definida horas depois de Medina cobrar de sua
equipe agilidade nas providências para ajuizar ações de improbidade
administrativa contra responsáveis por desvios na Petrobrás e outros órgãos.
A AGU solicitou ao Supremo Tribunal Federal
acesso a inquéritos que apuram a participação de integrantes da base do governo
no esquema apurado pela Lava Jato. A interlocutores, Medina disse que a
solicitação teria sido feita sem alinhamento com a Casa Civil, que temia um
“incidente político” com apoiadores no Congresso. “O governo quer abafar a Lava
Jato”, disse Medina, conforme a mais recente edição da revista Veja. Procurado
pelo Estado, ele não quis se pronunciar.
Para o cargo, foi nomeada a secretária-geral
do Contencioso da AGU
Grace Maria Fernandes Mendonça, funcionária de carreira.
Ela será a primeira mulher a integrar o primeiro escalão do governo Temer. A
indicação visa a rebater críticas à ausência de representantes do sexo feminino
na Esplanada.A demissão foi definida quinta-feira numa reunião entre Medina e o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, que era o padrinho político do chefe da AGU.
Erros. A Presidência atribuiu a decisão a uma
série de erros supostamente cometidos pelo ministro na AGU, entre eles a
atuação no Supremo para tirar do comando da EBC o jornalista Ricardo Mello,
aliado da presidente cassada Dilma Rousseff, e um pedido de investigação contra
seu antecessor, José Eduardo Cardozo, considerado desnecessário pelo Planalto.
Duas horas antes de ser chamado por Padilha,
Medina reuniu assessores mais próximos e a equipe de Grace. Quis saber por que,
até aquele momento, a Secretaria do Contencioso não havia buscado as
informações da Lava Jato no Supremo. O ministro Teori Zavascki, relator da
operação, autorizou o compartilhamento de 12 inquéritos em 22 de agosto, mas
até ontem as cópias não haviam sido feitas.
Durante a conversa, o advogado-geral disse
que exoneraria Altair Roberto de Lima, um dos principais auxiliares de Grace.
Em reação, os demais integrantes da equipe da nova ministra ameaçaram entregar
seus cargos. “Foi uma reunião desrespeitosa com os integrantes da instituição.
Ele acabou exonerando um dos integrantes da casa sob alegações que não tinham
qualquer fundamento e aí toda a equipe falou: ‘se esse colega que está há 20
anos na instituição não puder ser respeitado, todos os demais com ele se
alinham’”, disse a agora chefe da AGU.
Ela negou ingerência do Planalto nas
providências relacionadas à Lava Jato. Afirmou que a demora em buscar os
inquéritos se deve à digitalização dos processos, um procedimento demorado, e
às discussões com o Supremo sobre a melhor forma de transferi-los, resguardando
o sigilo. “Não tem nenhum obstáculo para que (o compartilhamento) seja feito
naturalmente, nenhum obstáculo da Casa Civil em relação a isso.”
Interlocutores do Planalto afirmam que a
conversa entre Padilha e Medina anteontem foi bastante tensa. Apesar disso,
Padilha teria inicialmente cedido a um último apelo do então ministro. O
ex-advogado-geral havia solicitado ficar no cargo pelo menos até a próxima
segunda-feira para poder participar da posse da ministra Cármen Lúcia, no STF,
alegando que isso seria importante para sua carreira.
Temer concordou com o apelo, mas, na
sequência, com o vazamento na imprensa de que a demissão teria sido acertada, o
Planalto resolveu ignorar o pedido. Mesmo depois de saber que estaria fora,
Medina teria chamado funcionários da AGU e dito que iria “propor ações no âmbito
da Lava Jato ainda hoje (ontem)”.
O Planalto publicou uma edição extra do
Diário Oficial da União para demitir o advogado-geral e nomear Grace. Ele foi
notificado por dois servidores.
Em nota oficial da Secretaria de Comunicação da Presidência, Temer disse que convidou Grace para assumir “o honroso cargo” de advogado-geral da União e agradeceu “os relevantes serviços prestados” por Medina.
Em nota oficial da Secretaria de Comunicação da Presidência, Temer disse que convidou Grace para assumir “o honroso cargo” de advogado-geral da União e agradeceu “os relevantes serviços prestados” por Medina.
‘Ajustes’. Após a troca de comando na AGU, os
“ajustes pontuais” que o presidente Temer pretende fazer em seu governo devem
atingir os Ministérios do Turismo e Planejamento. No caso do Turismo, ocupado
interinamente por Alberto Alves, foi acertado entre o Planalto e o presidente
do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que o deputado Marx Beltrão (PMDB-AL)
pode ser nomeado.
Fonte: Estadão
Reprodução da Notícia: Portal X9 Notícias
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