Reforma de Temer para Ensino Médio mantém apenas Português e Matemática como disciplinas obrigatórias
Português e matemática serão os dois únicos componentes
curriculares obrigatórios nos três anos do ensino médio, de acordo com o novo
modelo para a etapa anunciado ontem (22) pelo governo. A definição está em
medida provisória (MP) assinada pelo presidente Michel Temer. Atualmente, a
etapa tem 13 disciplinas obrigatórias para os três anos.
A MP prevê a flexibilização do ensino médio com o
objetivo de torná-lo mais atraente para o jovem, segundo o ministro da
Educação, Mendonça Filho. Os componentes curriculares que deverão ser ensinados
no período obrigatoriamente serão definidos na Base Nacional Comum Curricular,
que começará a ser discutida no próximo mês e deverá ser definida até meados do
ano que vem, segundo o Ministério da Educação.
De acordo com a MP, cerca de 1,2 mil horas – metade do
tempo total do ensino médio – serão destinadas ao conteúdo obrigatório definido
pela Base Nacional. No restante da formação, os alunos poderão escolher seguir
cinco trajetórias: linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências
humanas – modelo usado também na divisão das provas do Exame Nacional do Ensino
Médio (Enem) – e formação técnica e profissional.
“O novo ensino médio tem como pressuposto principal o
protagonismo do jovem. Hoje é bastante engessado. Esse modelo caminha na
direção da flexibilidade”, disse Mendonça
Filho.
Arte e Educação Física
O texto, que modifica a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (Lei 9.394/1996), determina o fim da obrigatoriedade do
ensino de arte e de educação física no ensino médio. As disciplinas serão
obrigatórias apenas no ensino infantil e fundamental.
As mudanças passarão a valer 180 dias após a publicação
da Base Nacional, ou seja, não modificam o atual currículo. De acordo com o
secretário de Educação Básica do Ministério da Educação, Rossieli Silva, a
intenção é enxugar na lei as obrigatoriedades do ensino médio.
Idiomas
O inglês passa a ser a língua estrangeira obrigatória que
deverá ser ensinada em todas as escolas de ensino médio. Outros idiomas podem
ser ensinados em caráter optativo. A MP abre a possibilidade que os estados
tenham mais autonomia nas decisões referentes a essa etapa da educação básica.
Um sistema de ensino poderá, por exemplo, definir um sistema de crédito, no
qual um aluno cursa determinados períodos e, caso deixe a escola, possa retomar
o curso de onde parou e não tenha, necessariamente, que cursar um ano inteiro.
Também está previsto na MP que os créditos adquiridos
pelos alunos nesse caso poderão ser aproveitados no ensino superior, após
normatização do Conselho Nacional de Educação (CNE) e homologação pelo MEC.
Carga horária
A reforma também determina que a carga horária mínima
anual da etapa deverá ser progressivamente ampliada para 1,4 mil horas, o que
tornará o ensino médio integral, com 7 horas por dia. A expectativa do MEC é
que as primeiras turmas que seguirão a formação de acordo com o Novo Ensino
Médio comecem em 2018, após a aprovação da Base e da MP pelo Congresso
Nacional. Não há prazo para que as redes de ensino se adequem às mudanças, mas
o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) trabalha com o
cronograma do Plano Nacional de Educação (PNE), que deve ser implementado até
2024.
Ensino técnico
Entre as trajetórias que os estudantes poderão escolher
está a formação técnica. Os alunos serão certificados e seus itinerários
formativos permitirão a continuidade dos estudos. Essa oportunidade de formação
vai ocorrer dentro do programa regular, sem a necessidade de o aluno estar
cursando o período integral. No ensino técnico, os alunos poderão ser
certificados a cada etapa que cumprirem, recebendo uma certificação das
competências adquiridas até ali.
As aulas técnicas poderão ser ministradas por
profissionais com notório saber – ou seja, sem formação acadêmica específica na
área que leciona -, reconhecido pelos respectivos sistemas de ensino para
ministrar conteúdos afins à sua formação.
Resultados
A reforma do ensino médio passou a ser priorizada pelo
governo depois que o Brasil não conseguiu, por dois anos consecutivos, cumprir
as metas estabelecidas para essa etapa da formação. Dados do Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que mede a qualidade do ensino no
país, mostram que o ensino médio é o que está em pior situação quando comparado
às séries iniciais e finais da educação fundamental: a meta para 2015 era nota
4,3, mas o índice ficou em 3,7.
Atualmente, o ensino médio tem 8 milhões de alunos,
número que inclui estudantes das escolas públicas e privadas. Segundo o
Ministério da Educação, enquanto a taxa de abandono do ensino fundamental foi
de 1,9%, a do médio chegou a 6,8%. Já a reprovação no nível fundamental é de
8,2%, frente a 11,5% no ensino médio. (fonte: Agência Brasil)
Comentários
Postar um comentário
Forneça seu Nome (Obrigatório) e os comentarios que tiverem ofensas,serão deletados